Livro EuroBEC Desenhada

Livro EuroBEC Desenhada

Como nos Desenhamos no Mundo?

A intencionalidade de um traço é a metáfora que expressa o simbólico. Assim se desenha e Terra e nela nos desenhamos.

A Água e a Cidade: Elvas

As fontes históricas desempenham um papel crucial no abastecimento de água das cidades, sendo marcos de engenharia e infraestrutura que não apenas forneceram água potável, mas também moldaram a vida social, cultural e económica das comunidades ao longo dos séculos. A seguir, exploramos a importância histórica dessas fontes no contexto urbano.

A cidade de Elvas, situada no Alentejo, Portugal, possui uma rica história no que diz respeito às suas fontes de água. Essas estruturas não apenas foram vitais para o abastecimento da cidade, mas também se tornaram marcos históricos e culturais, reflectindo a importância da água na vida urbana e na região.

https://asfontesdaminhavida.blogs.sapo.pt/tag/portugal:+alentejo

Desenvolvimento Urbano e Social

As fontes de água foram muitas vezes o núcleo em torno do qual as cidades se desenvolveram. Elas forneciam água potável para beber, cozinhar e lavar, sendo essenciais para a saúde pública e a higiene. Nas épocas antigas e medievais, a localização de uma fonte de água fiável era um factor determinante para a fundação de assentamentos humanos. As cidades cresciam em torno dessas fontes, que se tornavam locais de encontro e interacção social, fomentando a coesão comunitária.

Avanços Tecnológicos e de Engenharia

As fontes históricas são testemunhos dos avanços tecnológicos e de engenharia ao longo dos séculos. Aquedutos são exemplos impressionantes de engenharia hidráulica que transportavam água de fontes (nascentes) distantes até às cidades. A construção dessas estruturas envolvia um profundo conhecimento de topografia, hidráulica e materiais de construção, refletindo a habilidade técnica e a inovação da sociedade.

Aspectos Culturais e Religiosos

Em muitas culturas, as fontes de água eram associadas a aspectos religiosos e culturais. Eram frequentemente dedicadas a divindades aquáticas ou a santos, e as práticas ritualísticas em torno delas reforçavam a identidade cultural e espiritual das comunidades. Em algumas tradições, a água das fontes era considerada sagrada, sendo utilizada em cerimônias religiosas e rituais de purificação.

Economia e Comércio

As fontes também tiveram um papel económico significativo. A disponibilidade de água era vital para a agricultura, permitindo o cultivo de alimentos e a criação de animais, sustentando, assim, a economia local. Além disso, algumas fontes tornaram-se locais de comércio, onde as pessoas se reuniam para trocar bens e serviços, impulsionando a economia urbana.

Património e Turismo

Hoje, muitas dessas fontes históricas são preservadas como patrimônios culturais. Elas atraem turistas e estudiosos, interessados na sua arquitetura, história e significado cultural. O turismo gerado por esses marcos históricos contribui para a economia local, promovendo a conservação e valorização do património histórico.

  1. S.Lourenço (actual)
  2. S. Lourenco ( anterior , Quinta Sto Antonio)
  3. S. Domingos ( está em Barbacena)
  4. S. Vicente (Está no sitio)
  5. Manutenção Militar está lá
  6. S. JOSÉ ( Museu Militar)
  7. Gorgulhao-Conselheira ( est Sta Rita)
  8. Chafariz del Rey
  9. Rossio Fonte Nova
  10. Fonte das Pias
  11. Fonte da Prata
  12. Fonte Gil Vaz
  13. Fonte das Pias
  14. Chafariz da Piedade
  15. Fonte da Fé
  16. Fonte Sr Jesus da Piedade
  17. Chafariz sob aqueduto 1
  18. Chafariz sob aqueduto 2
  19. Fonte do Jardim das Laranjeiras
  20. Fonte dos Cavaleiros
  21. S. FRANCISCO que é postiça
  22. Fonte da Alameda
  23. Aqui começa toda a listagem de fontes das quintas

As fontes de água de Elvas são fundamentais para compreender a história da cidade e a importância da água no desenvolvimento urbano e social. Desde a Fonte da Misericórdia até o Aqueduto da Amoreira, cada estrutura representa um capítulo na narrativa de Elvas, destacando o engenho, a cultura e a identidade desta cidade alentejana. Preservar essas fontes é preservar a memória e a essência de Elvas para as futuras gerações.

As fontes históricas no abastecimento de água das cidades são muito mais do que simples infraestruturas utilitárias. Elas representam a intersecção entre tecnologia, cultura, religião e economia, moldando o desenvolvimento urbano e a vida cotidiana das pessoas ao longo da história. Preservar e valorizar essas fontes é essencial para entender a nossa herança histórica e garantir que as futuras gerações possam apreciar e aprender com esses marcos significativos.

Elvas fortificada

O sistema defensivo de Elvas é uma impressionante obra de engenharia militar que remonta a diversos períodos da história de Portugal. Situada na região do Alentejo, esta cidade fortificada possui um conjunto de muralhas, fortalezas e portas que testemunham séculos de evolução e adaptação às necessidades de defesa do território.

As origens das fortificações de Elvas remontam à ocupação romana da Península Ibérica, mas foi durante a Idade Média, especialmente nos séculos XIII e XIV, que se intensificaram os esforços para fortalecer as defesas da cidade. A Reconquista Cristã desempenhou um papel crucial nesse processo, com a expansão e o aperfeiçoamento das estruturas defensivas para proteger o território recém-conquistado dos avanços muçulmanos.

Um dos marcos mais significativos desse período é o imponente Castelo de Elvas, erguido no topo de uma colina estratégica, dominando a paisagem circundante. Construído no século XIII, o castelo foi posteriormente ampliado e fortificado ao longo dos séculos, tornando-se um elemento central do sistema defensivo da cidade.

No século XVII, durante a Guerra da Restauração Portuguesa, Elvas ganhou ainda mais importância estratégica devido à sua localização próxima à fronteira com a Espanha. Nesse contexto, foram realizadas extensas obras de fortificação, incluindo a construção do impressionante Forte de Santa Luzia. Esta fortaleza pentagonal, com seus imponentes muros e bastiões, foi projetada para resistir aos mais avançados ataques da época e desempenhou um papel crucial na defesa da cidade contra as investidas espanholas.

Além do Castelo de Elvas e do Forte de Santa Luzia, outro elemento fundamental do sistema defensivo da cidade é o Forte da Graça. Construído no século XVIII, durante o reinado de D. José I, o Forte da Graça é uma impressionante fortaleza em forma de estrela localizada numa colina ao sul da cidade. Projetado pelo engenheiro militar francês Nicolau de Langres, o forte foi uma resposta às novas técnicas de cerco e artilharia da época. Com as suas paredes espessas e casamatas subterrâneas, o Forte da Graça era uma posição defensiva praticamente impenetrável.

Além das fortificações principais, a cidade de Elvas também é protegida por diversas portas monumentais. A Porta de Olivença, a Porta de São Vicente e as Portas da Esquina são pontos de entrada e saída da cidade e desempenharam um papel crucial no controle do acesso e na defesa da urbe ao longo da história. Construídas com sólidos arcos de pedra e flanqueadas por torres de vigia, estas portas são exemplos impressionantes da arquitetura militar da época. A Porta de Olivença, por exemplo, reflete as ligações históricas entre Elvas e a região fronteiriça com Espanha.

As fortificações de Elvas foram continuamente adaptadas às mudanças nas táticas militares e às exigências da guerra moderna. Durante o século XIX, por exemplo, foram realizadas melhorias nas fortificações para enfrentar as ameaças das guerras napoleônicas.

Em 2012, as muralhas e fortificações de Elvas foram classificadas como Patrimônio Mundial da UNESCO, reconhecendo a sua importância histórica e cultural para a humanidade. Este prestigioso título reforça o valor excepcional dessas estruturas e destaca a necessidade de preservá-las para as gerações futuras.

Hoje, as muralhas e fortificações de Elvas não apenas testemunham a história tumultuada da região, mas também atraem visitantes de todo o mundo, que vêm admirar a grandiosidade e a beleza desses monumentos históricos.

Portas da Esquina

As Portas da Esquina, localizadas na zona sudeste da muralha de Elvas, são um excelente exemplo de como a engenharia militar adaptou-se ao terreno para maximizar a defesa. Estas portas foram projetadas com um ângulo estratégico que dificulta a ação direta dos invasores. O nome “Esquina” reflete justamente a sua localização e função. O desenho inclui um complexo sistema de baluartes e revelins que criam linhas de tiro cruzado, otimizando a defesa contra ataques de artilharia e infantaria. A arquitetura das Portas da Esquina evidencia a influência da escola italiana de fortificação, que predominou na Europa durante os séculos XVI e XVII.

As Portas da Esquina de Elvas, além de sua importância como elemento defensivo, possuem um valor adicional devido à presença da capela de Nossa Senhora da Conceição. Esta capela, integrada diretamente na estrutura das portas, oferece um fascinante exemplo de como a arquitetura militar e religiosa se entrelaçavam na época.

Integração da Capela de Nossa Senhora da Conceição

A capela de Nossa Senhora da Conceição nas Portas da Esquina não é apenas um elemento religioso, mas também um reflexo da mentalidade da época, onde a fé e a defesa eram frequentemente interligadas. Localizada acima das portas, a capela oferecia um ponto de observação elevado, proporcionando uma visão clara dos arredores e, ao mesmo tempo, servindo como um local de culto para os soldados e habitantes da cidade. Esta integração é um testemunho da importância da religião na vida diária e nas atividades militares dos habitantes de Elvas.

Função Religiosa e Simbólica

A presença da capela tinha uma função simbólica e prática. Simbolicamente, ela representava a proteção divina sobre a cidade e seus defensores, um aspecto crucial em uma época em que a fé desempenhava um papel central na vida das pessoas. A escolha de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, é especialmente significativa, reforçando a ideia de que a cidade estava sob a proteção direta da padroeira nacional.

Arquitetura e Design

Arquitetonicamente, a capela de Nossa Senhora da Conceição é um exemplo de como os espaços sagrados eram incorporados nas estruturas militares sem comprometer suas funções defensivas. O design da capela é simples e robusto, harmonizando-se com as características fortificadas das Portas da Esquina. A capela é acessível através de uma escadaria que leva os fiéis diretamente à área de culto, que é iluminada por pequenas janelas estrategicamente posicionadas para não comprometer a segurança da estrutura.

Papel na Vida Militar

Para os soldados e defensores de Elvas, a capela oferecia um espaço de refúgio espiritual, onde poderiam buscar consolo e força antes de confrontos. A possibilidade de ter um lugar de oração tão próximo das áreas de combate ajudava a manter o moral elevado e a fortalecer a resiliência dos defensores da cidade.

Conclusão

A capela de Nossa Senhora da Conceição nas Portas da Esquina é um componente essencial da história e arquitetura de Elvas. Sua presença dentro da estrutura defensiva das portas ilustra a profunda interseção entre fé e função militar na época. Mais do que um simples local de culto, a capela servia como um símbolo de proteção divina, um ponto de observação estratégico e um espaço de fortalecimento espiritual para aqueles que defendiam a cidade. Assim, as Portas da Esquina não são apenas uma maravilha de engenharia militar, mas também um testemunho da rica herança religiosa e cultural de Elvas.

Portas de Olivença

As Portas de Olivença, voltadas para o oeste e em direção à estrada que leva a Olivença, são um exemplo claro de como as portas das muralhas de Elvas foram projetadas para combinar acessibilidade e defesa. Construídas com um arco monumental, estas portas são protegidas por uma combinação de fossos, contrafortes e redentes. A engenharia militar aqui focou-se em permitir um acesso controlado, de forma que qualquer força inimiga tentando penetrar fosse facilmente exposta a fogo cruzado das defesas adjacentes. A construção robusta, com grandes pedras de cantaria e detalhes arquitetônicos, mostra a preocupação com a durabilidade e a capacidade de resistir a cerco prolongado.

Portas de São Vicente

Localizadas na parte norte da cidade, as Portas de São Vicente eram a principal entrada de Elvas vindos de Badajoz, uma das cidades espanholas mais próximas. Esta porta representa uma obra-prima da arquitetura militar renascentista, incorporando um sistema complexo de cortinas, baluartes e fossos que aumentam significativamente a capacidade defensiva. A engenharia aqui é particularmente notável pela incorporação de elementos de fortificação abaluartada, onde os baluartes angulares e as muralhas espessas permitiam uma defesa eficaz contra a artilharia pesada. Além disso, as Portas de São Vicente eram protegidas por uma ponte levadiça, um elemento comum em fortificações militares da época, que podia ser levantada para impedir o avanço inimigo.

Conclusão

As três portas de Elvas – Portas da Esquina, Portas de Olivença e Portas de São Vicente – são testemunhos da habilidade dos engenheiros militares da época em integrar arquitetura e funcionalidade defensiva. Cada porta, com seu desenho específico e localização estratégica, contribuiu para a reputação de Elvas como uma das cidades mais fortificadas de Portugal. A combinação de engenharia precisa, robustez estrutural e estética arquitetônica faz dessas portas não apenas elementos de defesa, mas também símbolos do patrimônio histórico e cultural da cidade.

Durante a época Filipina, no século XVI, Elvas desempenhou um papel proeminente na história de Portugal ao se tornar um dos centros administrativos do vasto império luso-espanhol. Quando o rei de Portugal, Filipe I (também conhecido como Filipe II de Espanha), visitou a cidade, Elvas foi considerada uma espécie de “capital temporária” do império, uma vez que Filipe I era também o rei de Espanha.

Essa estadia real em Elvas durante dois meses reflete a importância estratégica da cidade como centro administrativo e político durante o domínio da dinastia Filipina sobre Portugal. Elvas, situada perto da fronteira com a Espanha, desempenhou um papel crucial na história da União Dinástica.